quinta-feira, 30 de maio de 2013

Não, não está nada bem!

Não, não ando alegre... Não ando calma... Não ando controlada...
Quando olho ao espelho sinto um desgosto enorme por me ter tornado naquilo que sou hoje, naquilo que ninguém valoriza, naquilo que ninguém precisa. Não posso proibir-me mais de chorar, não consigo. É muitos nervos, muita pressão, muita falsidade.
Para falar a verdade eu deixei de ter interesse em ser magra, sinceramente... Eu simplesmente não quero ter corpo, não quero ocupar espaço no mundo. Já não suporto a minha existência, não suporto nada em mim. Sinto uma raiva profunda, nojo. Não, não quero ser magra, quero apenas acabar com a minha "vida". Gostava apenas de ter a coragem, os motivos suficientes para acabar comigo. Para terminar com isto tudo. Ninguém ia sentir falta. Não vale a pena dizer que iam sentir, porque eu sei que o que eu penso e sinto é verdade. Não me venhas perguntar como estou, a minha resposta vai ser sempre "Estou bem" e não insistas, porque a mentira irá estar sempre por cima da verdade. Não digas que gostas de mim, porque se eu não gosto de mim tu também não gostas. Não digas que sentes a minha falta, já não tenho 8 anos, cresci, aprendi, amadureci. Deixei de viver na ilusão, deixei de confiar. Pode ser drama, mas é o que eu penso, é o que eu sinto.
A vontade de não ir à escola cresce. Não quero ver ninguém. Não consigo suportar muitos mais olhares, muitas mais conversas, muitas mais gargalhadas. É muita confusão para a minha cabeça, ou será para o coração? Já não sei nada. Os meus pensamentos cada vez escurecem mais, e cada vez é mais difícil de me entender. Existe tantos porquês e tantos "e se eu..?" na minha cabeça. Penso no passado e pergunto-me o que teria acontecido se eu não conhecesse certas pessoas, se eu não me tivesse deixado levar por elas, se eu não me tivesse aventurado tanto, e outras vezes pergunto-me: "E se eu nunca tivesse nascido?". É complicado sentirmo-nos indesejados num sítio, sentirmo-nos que não fomos bem vindos a certos lugares, mas ainda mais complicado é sentirmo-nos indesejados no mundo, que é um espaço bem grande no qual não escolhemos para nascer.
Queria poder passar os meus dias na minha cama a dormir, sempre que acordasse tomar um ou mais comprimidos para adormecer e passar 24/24 horas de olhos fechados, sem pensar, sem falar, sem chorar.
Tudo isto para dizer que, eu só quero morrer, somente morrer.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Precisava de escrever

Não tenho motivos nem objetivos para me levantar da cama de manhã nem motivos para me voltar a deitar de noite e dizer que o dia valeu a pena.

Não sei ao certo o que escrever. É tanta coisa que eu tenho para contar e agora que tenho oportunidade para o fazer bloqueio.
Digo dezenas de vezes durante o dia que sou gorda, que quero ser magra, que vou fazer uma dieta para perder peso e blá blá blá. Do dizer ao fazer vai uma longa distância, distância á qual é tão longa que não consigo percorrer o caminho todo. Estou cansada de estar sempre triste, estou cansada de ouvir aquela vozinha indecisa que me diz para fazer uma coisa e de um momento para o outro já me diz para eu fazer completamente o contrário. Estou cansada de prometer a mim mesma que vou seguir um regime alimentar e no momento de maior fraqueza caiu e começo a comer sem parar. Estou FARTA de depois de comer vir o sentimento de culpa, a tal "vozinha" chegar aos meus ouvidos e dizer "Estás gorda. Vai para a casa de banho e deita tudo cá para fora. Cuidado com as calorias. Os teus amigos vão notar que estás mais gorda. Os teus ossos vão deixar de se sentir.". Só quem passa por isto sabe o desespero que é sentir-se nojento por ter comido tanto, sentir medo por engordar 1kg, ou até mesmo gramas. Estou magoada, estou arrependida, sou uma desilusão para os meus pais, para a minha família. Fico com raiva quando eles me ouvem a vomitar e vão a correr até á porta da casa de banho perguntar o que estou a fazer. Fico magoada quando eles me chamam de estúpida e maluca por comer mesmo sabendo que depois de o fazer vou forçar o vômito porque sei que me vou sentir triste. Mas do que estou mais farta é de não ter melhoras. De continuar mal, triste, obcecada, doente! De ir ás consultas e simplesmente não me perguntarem o que eu penso, o que eu faço e como corre os meus dias. Ou melhor: de ir ás consultas e simplesmente não me fazerem NADA!
Fico magoada comigo mesma por já não acreditar que algum dia possa ficar bem. Há 9 meses atrás eu acreditava que ia ficar bem, acreditava que ia ultrapassar todas as minhas dificuldades. Acreditava numa felicidade que hoje para mim já não faz sentido.
Felicidade, o que é isso? Não me lembro da última vez que estive verdadeiramente feliz. Lembro de ser mais nova e os meus problemas serem pura e simplesmente não ter um par de calças novas para levar para a escola.
Quero poder passar os meus dias na cama, a ouvir música. Não quero ir á escola nem quero ver os meus pais. Quero fechar-me, quero estar no meu canto, porque viciei-me de tal maneira neste mundo que não consigo sair. Claro, eu quero isto, eu quero aquilo, mas tudo o que eu quero ou não tenho força suficiente para o fazer ou então não o posso mesmo fazer. Dizem que é possível sair disto, mas eu só acredito naquilo que vejo, neste caso, naquilo que sinto, e não vejo nem sinto nada de bom em mim, pelo contrário, cada dia que passa vejo tudo pior do que no dia anterior.
A minha única vontade é estar num hospital, passar o meu verão fechada, apenas com adolescentes como eu, doentes e frágeis. Não vou ser feliz se estiver num hospital internada, mas ou menos lá estou protegida. É como estar morta, não estou feliz, apenas estou protegida com um caixão.

"O que é mais egoísta: cometer suicídio ou forçar alguém a ficar num mundo onde é infeliz?".