domingo, 30 de junho de 2013

És obrigado a crescer mesmo sem querer

Já imaginas-te estares a falar com uma pessoa e na casa dessa pessoa estar a haver discussões, gritos, lágrimas? Já olhas-te á tua volta e pensas-te «O que está a acontecer na cabeça dela?»? Olha, olha para o chat do facebook ou do skype, olha e pensa quantas pessoas neste momento estão á frente do computador a chorar, a ouvir as discussões dos pais ou até mesmo a discutir com eles, a ver o seu próprio futuro a ir por água abaixo. Agora olha para ti, tens problemas, certo? Claro que os tens, como toda a gente, uns mais graves que outros, mas não deixam de ser problemas. Pensa, será que tu tens de ter força só por ti, ou também tens de ter força por quem gosta de ti? Não estou a falar de amigos, ou até mesmo de melhores amigos, estou a falar da tua mãe, do teu pai ou de quem cuida de ti desde pequeno. Eles não sofrem com o teu sofrimento? Sofrem. E tu, não sofres com o sofrimento de quem sempre cuidou de ti? Sofres. Talvez não agora… Eu ao início, bem, não ligava muito aos sentimentos da minha mãe, sabia que ela sofria, mas que não era nada comparado a mim. Mas estou a crescer, a aperceber-me do que está ao meu redor, a aprender a dar valor a muitas coisas… Quando saís para casa de um amigo, ou até mesmo para ir ao shopping, já pensas-te que a pessoa com quem vives e que te dá comida, roupa (etc) está a pensar em ti e preocupada contigo? Eu nunca pensei muito nisso, mas agora penso… Talvez porque já tenho 14 anos, estou a crescer, talvez porque já sofri ao ponto de tentar acabar com a minha própria vida. Infelizmente não pensei que não só ia acabar com a minha vida como também ia acabar com a vida da minha mãe. Chega de indiretas! Eu sento-me na cama a chorar e olho para o chat, começo a pensar «Serei a única que estou a sofrer, a chorar sem querer que ninguém saiba?». Faço força, muita força aliás, para não chorar á frente da minha mãe, porque não a quero magoar mais. Cada palavra que ela diz marca-me como nunca. Aquele olhar triste que ela me manda, aqueles abraços que ela me pede, aquela maneira forte que ela tem de querer falar das coisas que a magoam. Disse-lhe hoje que não precisava de ninguém. Apenas disse isso porque me sinto sozinha, sinto-me destruída, sem futuro, mas sei que preciso da minha mãe, porque se não precisasse não estaria aqui, agora a sofrer por ela. Ela disse-me o mesmo, que também não precisava de ninguém. Vieram-me as lágrimas aos olhos e a minha pergunta para ela foi ”Não precisas de mim nem da Carina para te fazer feliz?”, e a pergunta dela foi “Vocês têm-me feito feliz?”. Fui para o meu quarto, o meu refúgio, fui tentar a minha sorte nas letras porque chorar não adianta e cortar não resolve. Quando saio para ir algum lado ou dormir na casa de alguma pessoa, sempre que chego a casa a minha mãe diz-me que pensou em mim antes de ir dormir, é bom ouvir isso, não é? Mas a mim custa-me, pelo menos agora. Aliás, custou-me muito deixar a minha mãe a noite passada. Tal como ela pensou em mim durante a noite eu também pensei nela. Não a queria ter deixado em casa ‘sozinha’, mas também queria ir tentar divertir-me. Talvez penso um bocado de mais em mim… E agora não só tenho de ter força para mim como também tenho de ter força para a minha mãe, mas, como? Se eu mal sei cuidar de mim como vou cuidar da minha mãe? Além disso, estou gorda, muito gorda.
Pronto, lá estou eu a centralizar-me em mim!
Tenho saudades do passado. Mas é passado, e não resolve nada ter saudades, não posso voltar atrás no tempo, nem eu nem ninguém. Hoje é dia 30/06, ontem foi dia 29/06… Ontem fez dois anos em que tinha dado entrada no hospital, mas hoje, hoje faz dois anos em que fui internada, picada 12 vezes no mesmo braço, deitada numa cama, com os olhos prestes a fechar para sempre.
Enfim…
“Mesmo que eu algum dia desista de mim, não desistas de ti, porque tu és uma mulher forte! Poucos aguentariam o que tu aguentas-te, muitos baixariam os braços enquanto tu lutas-te! Enquanto esboçavas um sorriso o teu coração doía e choravas por tanto desespero, mas mesmo assim levantas-te a cabeça, e eu nunca vou conseguir ser como tu. És especial e importante apenas por existires. Amo-te, mãe!”.
*chorar*

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pensamentos suicidas voltaram

O tempo passou e quando dei por ele já tinha passado quase mais um ano...
É muito triste isto tudo... Eu sou triste, a minha vida é triste, aliás.

Amanhã, faz dois anos, pois é. Dois ano em que fui para o hospital com 37,4kg, anoretica, cheia de frio, quase morta.
Bááááh, não quero pensar muito nisto, porque quando era magra toda a gente gostava de mim, toda a gente falava e preocupava-se comigo, agora que sou quase obesa ninguém me liga. Porquê? Porque sou um pote de banhas, nojenta, feia, tudo e mais alguma coisa!
Não só tenho um transtorno alimentar como TRÊS, e isto mata-me.

Vá, pensem lá que sou maluca, ou que estou a fazer drama, MAS SÓ EU É QUE SEI O QUE ME CUSTA TENTAR COMER COMO UMA PESSOA NORMAL, O QUE ME CUSTA TER DE PASSAR FOME MUITA DAS VEZES, O QUE ME CUSTA LEMBRAR DO PASSADO E AGORA VER-ME AO ESPELHO E VER QUE ME TORNEI NUMA GORDA, UM ERRO SEM VOLTA A DAR. SÓ EU SEI O QUE ME CUSTA TER DE VOMITAR PORQUE COMEÇO A SENTIR-ME CULPADA POR TER COMIDO, EU É QUE SEI O QUE CUSTA TER DE AGUENTAR A COMIDA NO ESTÔMAGO MESMO SENTIDO-ME GORDA, NOJENTA, MESMO SENTIDO ÓDIO! EU É QUE SEI A PUTA DA VERGONHA QUE TRAGO NESTA CARA NOJENTA TODOS OS DIAS!!! Porra, parem de dizer que faço drama, parem de pensar que não tenho motivos para estar triste! A vontade de morrer cresce a cada dia, os nervos, a falta de paciência cresce, cresce e cresce!
FODASSE, tinha tantos amigos, e agora, onde é que eles estão??? NESTE MOMENTO SÓ TENHO UMA PESSOA A APOIAR-ME, UMA PESSOA QUE FALA COMIGO TODOS OS DIAS POR MUITO QUE SE SINTA TRISTE E MAL!!! Merda para isto tudo! Odeio toda a gente, odeio-me a mim! Odeio a minha mãe e o meu pai por não verem como estou mal, odeio a minha irmã por não ter coragem de me perguntar como estou, odeio os meus 'amigos' por só quererem saber de mim quando precisam, odeio aquelas pessoas que metem conversa comigo no chat só para me chatear, odeio as pessoas que vejo na rua por acharem que a vida vale a pena PORQUE A VIDA NÃO VALE A PENA!!! Pensem, para quê viver? O que vamos ganhar com isto tudo? VAMOS TODOS MORRER SEM GANHAR NADA!!! Sou a única que pensa assim? Não sou normal? Será que sou doente? EU SÓ NÃO CONSIGO AGUENTAR ISTO!
É verão, não vou a lado nenhum, passo os meus dias fechada em casa a engordar, feita porca. Daqui a uns meses começa a escola, outra vez. Como vou conseguir ir ás aulas, estudar, ter calma para passar lá dias inteiros? EU COMEÇO A CHORAR SÓ DE PENSAR QUE A MINHA VIDA RESUME-SE A ESTRAGAR TUDO!
Eu não quero ser magra, não quero ser gorda, EU SÓ QUERO NÃO EXISTIR!!!
Dói-me a cabeça cada vez que escrevo. Eu quero gritar, eu quero chorar, eu só quero ficar bem, E SINTO QUE NÃO À VOLTA A DAR A ESTA FILHA DA PUTA DE VIDA! ODEIO-ME, ODEIO-ME, ODEIO-ME!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


FODASSE, EU QUE MORRA RÁPIDO, PORQUE ESTOU FARTA DISTO TUDO!
Qualquer dia quem se encarrega seriamente da minha morte serei eu própria, e desta vez faço tudo como aprendi!!!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Nunca contei a verdadeira história

Ninguém me conhece, essa é a verdade. A minha mãe não conhece o meu 'livro' desde do início, o meu pai muito menos, a minha irmã também não e os meus amigos também não. Apenas eu, somente eu sei de toda a história.
Sempre contei o que me aconteceu e o que acontece por partes, nunca fui capaz de confiar em ninguém para contar tudo desde do início, nunca fui capaz de confiar em mim... As pessoas julgam, criticam como se soubessem de tudo, como se tivessem sentido o mesmo que eu, como se tivessem visto, lido, passado o mesmo que eu. Põem rótulos que nem eles próprios conhecem nas pessoas. Neste mundo a pior doença é o cancro, a mais grave, dizem eles... Será que é a mais grave? Não vou desvalorizar essa doença pois é tão grave como muitas outras.
Quando se fala numa pessoa que comete suicídio por ter uma depressão, o que é que a sociedade pensa? "É maluco/a, não merecia a vida que tinha.", é, é isso que hoje toda a gente pensa, pelo menos quase toda a gente. Na televisão, quando saí uma notícia de uma pessoa que mata um familiar, o que é que as pessoas que estão há nossa volta, que nunca sofreram de doenças a nível psíquico e que têm falta de conhecimento nessa área pensam? "É maluco/a.", "Não merecia ter vindo ao mundo.", "Devia de ter uma morte lenta e dolorosa.", "Merecia um tiro naquela cabeça.". Criticam, criticas profundas, criticas que magoam e que muitas vezes me custa a ouvir.
Não sei o que é que é ter cancro, não sei o que é que é querer comer e não haver comida, não sei o que é que é ser cego, não sei o que é que é ter uma deficiência, não sei o que é que é ser paralítico. Mas sei o que é uma doença. Sei o que é ter Anorexia Nervosa, sei os estragos que ela pode fazer a uma pessoa e á família, sei a dor que é olhar no espelho e odiar o reflexo que vê, ter nojo, sei o que é ter fome, querer comer mas não o fazer por ter um objetivo, uma meta. Sei o que é estar ao lado da morte e não reparar.
Sei o que é Compulsões Alimentares, sei o que é a Bulimia, sei o arrependimento que essas duas doenças causam depois de comer, sei o quanto doloroso é comer e depois vomitar a comida todos os dias a todas as refeições com tanta gente a morrer á fome.
Sei o que é a Auto-mutilação, sei o que é fazer o primeiro corte, sei o que é olhar para os braços e sentir-se arrependido, sei o alívio que um corte profundo trás na mente de uma pessoa, sei o que é olhar para as cicatrizes, sentir orgulho e ao mesmo tempo ter vontade de se esconder por dentro de roupas largas e compridas, sei o que é ver uma mãe prestes a cair numa depressão por ver o filho doente, por ver o filho a matar-se lentamente.
Sei o que é uma Tentativa de Suicídio, sei qual é a sensação, sei qual é a dor.
Também sei o que é ser doente psicologicamente, ouvir críticas não só de desconhecidos e amigos mas também dos pais como se fosse muito fácil mudar a nossa mente.
Hoje ninguém sabe o que trás dentro da cabeça, não valorizam e nunca se interessaram de como o cérebro é importante e a maior arma que nós temos, para o bem e para o mal.
Gostava de poder ser forte, de ter coragem para ultrapassar os transtornos alimentares que tenho, mas não é fácil... Por mais que as pessoas pensem que é, que não ultrapassamos porque não queremos, as coisas não são bem assim. Não sou forte, não acredito mais na felicidade, não acredito que algum dia possa ficar bem. A morte é a solução.
Suicídio não é covardia, não é egoísmo. Digam-me, o que é mais egoísta: cometer suicídio ou forçar alguém a permanecer num mundo onde é tão infeliz?
Para ser sincera já me habituei a isto, entrei num mundo ao lado do dos outros, um mundo que por mais que seja julgado é o meu mundo, ao qual não me arrependo de ter conhecido.
Acredita, quer queiras quer não, o cérebro é a arma mais forte que tens.

Está a chegar...

Estou sem inspiração para escrever, mas preciso de escrever algo. Preciso de deixar marcado numa página de internet aquilo que está a acontecer e aquilo que aconteceu.
São 2 horas da manhã e estou a relembrar-me de tudo o que aconteceu á dois anos atrás... Sim, já passou dois anos e parece que foi o mês passado que fui internada com anorexia nervosa...
Dia 29 deste mês faz 2 anos que fui para o hospital, faz dois anos que a minha mãe me agarrou na minha mão e puxou-me do carro até a uma cama do hospital porque já não conseguia andar, já não tinha força nem para isso. Nesse dia sentia-me vazia. Para ser sincera o meu cérebro já não conseguia pensar, talvez pela falta de nutrientes no corpo, não sei. Fui pesada no hospital e a balança marcou 37,4kg. Quando já estava a soro e deitada os médicos tentaram convencer-me a comer, nem que fosse só um iogurte magro mas a minha teimosia falou mais alto e a vontade de ser magra era muita. Fui para Setúbal de manhã e á tarde fui mandada para Lisboa numa ambulância, queriam internar-me, porque era a única solução para não morrer naquele mês. Estava entusiasmadíssima por andar pela primeira vez de ambulância, enquanto que a minha mãe olhava para mim com preocupação e medo que o meu coração pudesse parar de um momento para o outro. Andava a norte da situação, não me interessava o que me ia acontecer, só sabia que me sentia cansada, sem forças, com os olhos prestes a fechar e sem medo do que me pudessem fazer.
Fui vista por um médico dos seus 45 anos ás 22:30 da noite. Despiu-me para ver o estado do meu corpo e para me fazer umas quantas perguntas. Tinha 12 anos, era um 'bebé'. Estava atrás do médico, sentada na cama de observação e ele estava a escrever. Tentei ler o que ele escrevia e na parte que dizia "Doente diagnosticado:" ele escreveu "Anorexia Nervosa". O médico saiu da sala e eu disse baixinho para a minha mãe "O médico escreveu no diagnóstico que eu tinha anorexia nervosa", ela olhou para mim com lágrimas nos olhos e eu... Sei lá, sentia-me orgulhosa do meu trabalho (é estranho mas era o que eu sentia). Não conseguia acreditar que uma pessoa tão insignificante como eu tinha uma doença daquelas que para mim não era nada de grave.
Logo eu que sempre fui uma rapariga tão saudável, que nunca me tinha chamado de gorda, que até tinha orgulho de ter uma barriga gordinha... Fui internada, posta a soro e ligada ás máquinas do coração á 1 hora da manhã do dia 30/06/2011. Fui injetada 12 vezes, não achavam as minhas veias por isso é que fui picada tanta vez.
A minha mãe passou essa noite comigo no quarto e que por sinal dormiu muito mal. Estive ligada a muitas máquinas que apitavam imenso por causa da minha pulsação ser tão baixa. As máquinas indicavam que a minha pulsação era de 35 batimentos cardíacos por minuto e que quando adormecia os batimentos ainda diminuíam mais. Nessa noite e nesse quarto estava eu, a minha mãe, uma rapariga de 18 anos com uma infeção na úrina (e que infelizmente andava de cadeira de rodas) e uma menina de 11 anos, de cor e sem uma perna.
Na manhã desse dia uma auxiliar voltou a tentar convencer-me a comer, mas voltei a recusar. Estava exausta e tinha acabado de acordar, doía-me o corpo todo e por mais incrível que pareça já não sentia fome à dias . Ainda tinha o meu telemóvel nessa altura e liguei á minha madrinha. Contei-lhe que estava internada com anorexia nervosa e com menos de 40kg. Ela começou a chorar muito tal como a minha mãe e eu não percebia o motivo de tantas lágrimas, afinal de contas só estava um bocadinho magra mas o espelho dizia-me completamente o contrário. Para mim era pura e simplesmente uma doença normal. Por volta das 15h da tarde aparecem 3 médicas no quarto. Uma pedopsiquiatra, uma nutricionista e outra médica que eu nunca percebi muito bem o que fazia. Fizeram-me imensas perguntas ás quais eu comecei a sentir-me insegura e desconfortável. Elas começaram a pôr regras. Umas delas era que se não voltasse a comer que me iriam pôr sonda porque ninguém vive sem comer, todos os objetos eletrónicos iriam ser-me retirados e dados aos meus pais para levarem para casa, não podia fazer nem receber chamadas dos meus familiares nem amigos pelo telefone do hospital, iria passar para outro quarto com duas camas mas iria ficar sozinha, só os médicos, enfermeiros e auxiliares é que podiam entrar no meu quarto, depois de comer  tinha de estar deitada durante 1 hora sem poder fazer nada, sempre que fosse á casa de banho teria de avisar os enfermeiros para eles terem a certeza que não ia fazer exercício físico ou vomitar, entre outras regras. Eles queriam obrigar-me a comer e fizeram-no, isso foi o que mais me custou. Eu não queria comer, não queria engordar. Tinha-me esforçado durante 5 meses para perder 16.6kg e eles queriam estragar o meu trabalho todo, depois de tantas lágrimas e suor. Todas essas regras foram um grande choque para mim, chorei imenso. O meu pai antes de voltar para casa com a minha mãe falou imenso comigo, e a minha mãe chorava imenso tal como eu. Lembro-me tão bem da nossa despedida... Despediram-se de mim e durante quase 1 mês não os vi mais nem falei com eles. Quando eles estavam á porta do quarto do hospital disseram a chorar "Força filha". Eu agarrei-me ao peluche que tinha ao lado e cada vez chorava mais, estava a viver um pesadelo apenas com 12 anos acabados de fazer.
Passei dias a chorar, derramada em lágrimas. Os meus pais eram tudo para mim e de repente tinha 'ficado sem eles'...
Assim se passou 2 meses...
E o resto... O resto não me quero recordar...

Falta 12 dias...

*no meu quarto do hospital também tinha um peluche. Havia duas camas mas era a única que lá dormia... :'c*

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Revoltada comigo mesma

Ando tão farta de tudo, ninguém tem noção.
A minha vida virou um beco escuro, ao qual não à saída.
Os meus dias resumem-se em comer e vomitar, tristeza e sofrimento, lágrimas e angustia, cortes e revolta. Estou casada da rotina que levo, mas é inevitável.
A internet diz-me tudo e ao mesmo tempo não me diz nada. Num minuto quero companhia, no outro só quero que me deixem sozinha. Gostava de fazer tanta coisa que me estou a proibir. Estou sem vontade para nada. Já nem rir tem lógica para mim.
Não sei o que dizer. Guardo tanta coisa dentro de mim que muitas vezes bloqueia tudo cá dentro. Já não sei o que me faz bem e o que me faz mal, mas sei distinguir o normal do anormal, e eu sou uma pessoa anormal com pensamentos anormais e atos anormais. 50% de mim quer mudar isso e outros 50% de mim quer continuar assim, fechada, manipulada pelo próprio cérebro. Por vezes quero atenção, mas quando a tenho parece que já não faz sentido. É estranho explicar. Ou melhor, é difícil de explicar porque tudo o que digo não bate certo. Dizer que estou gorda ou insultar-me já não adianta, já não 'alivia' como antes, tal como escrever já se tornou uma coisa 'insignificante'. Não digo que as minhas frases sejam insignificantes para mim, são apenas recordações que eu quero guardar, que mais tarde quero mostrar a outras pessoas e pedir opinião. Não sei o que sinto, não sei rigorosamente nada.
Há pessoas que me querem ajudar, e antes eu dizia que queria ajuda, que com ajuda eu talvez ia ficar bem. Eu ACREDITAVA que ia ficar bem, mas agora perdi a esperança, perdi a vontade, perdi a motivação. Parece que ficou tudo pelo caminho, parece que já não tenho vida. Sinto-me morta, mas se me sentisse totalmente morta não me importava com o que os outros pensam de mim, ou ter aquela preocupação de ganhar ou perder peso. É complicado explicar... Talvez eu me sinta morta mas uma morta com preocupações e sentimentos. Lógica estúpida né? Tudo o que vem de mim é estúpido, tudo. Enfim, sou eu, a Catarina Frade, o que se à de fazer?! Sou um caso perdido, um erro sem volta a dar, um erro sem oportunidade de mudar. Bom, a vida dá nos muitas oportunidades para mudar, metade da população não as aproveita, outra metade não tem força suficiente para as aproveitar. Sinto-me perdida. Sinto que cheguei ao fundo do poço e que não há maneira de voltar ao cimo.
Sou uma desilusão para mim própria, sou só mais um ser esquisito a estragar oxigénio. Dava a minha saúde a alguém para poder viver, mas que ao viver aproveitasse todas as oportunidades e que não fosse como eu, apenas uma falha da natureza.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

O verão está a chegar...

O calor já está a aparecer, já vejo pessoas de manga curta, calções e já vejo pessoas a ir para as piscinas e para a praia...
O que estou a escrever não consiste em terem pena mas sim para eu tentar 'falar' cm 'alguém' e ficar mais aliviada (caso ainda seja possível).
Gostava de também de poder ir à praia, às piscinas, usar calções e top's. Quer dizer, eu poder posso, mas não quero...
Gostava de me orgulhar do corpo que tenho e de não ter vergonha do o ter ou mostrar. Infelizmente este verão vai ser muito diferente de todos os outros verões que tive. Vou passar todo o meu tempo em casa, sem apanhar sol ou divertir-te com qualquer coisa que tenha a ver com o verão, mas talvez isso tenho o seu lado bom. Tudo o que nos acontece ajuda-nos a crescer a nível de maturidade, e eu quero atingir uma maturidade mais elevada do que as das raparigas da minha idade.
Vou-me proibir de muitas coisas este verão, das coisas que gosto por causa das cicatrizes no meu corpo, mas principalmente por causa de toda esta gordura nojenta e da falta de confiança em mim. Espero que toda esta proibição valha a pena...

Este foi o último corte que fiz, no dia 10/06. No dia seguinte fui ao centro de saúde perguntar se podia ser cozida, porque tinha muitas dores, mas já tinha passado 6 horas e o máximo que podiam fazer era porem-me 'pontos de pano', e foi o que aconteceu.
Não julgues, eu tive as minhas razões e motivos...

 

domingo, 9 de junho de 2013

Quero estar sozinha, mas ao mesmo tempo quero companhia.

É estranho, mas é o que eu sinto, e os meus sentimentos/pensamentos são estranhos.
Tenho pensado muito em tudo, mas principalmente no isolamento que eu estou a provocar. Por vezes (maior parte das vezes) quero estar sozinha, apenas eu, a música e os meus nites, mas outras vezes eu sinto falta da companhia de alguém. Sinto falta de rir, sinto falta de falar, de me divertir. Já não tenho a minha irmã perto de mim e talvez por isso é que me sinto um bocado mais vazia, mas isso não significa que eu quero que ela volte. Pelo contrário, prefiro estar sozinha, com o quarto só para mim, fumar quando me apetece sem ninguém estar a dizer que isso me faz mal, blá blá blá.

Amanhã vou estar sozinha em casa, o dia quase todo e queria companhia. Para ser sincera gostava de começar a alucinar e ter um amigo imaginário (se eu não quisesse coisas más para a minha saúde até ficava admirada).
Lembro-me muito bem, muito bem mesmo que quando era pequena, por volta dos 7 anos tinha muitas amigos imaginários. É verdade. Tinha um namorado, 3 ou 4 irmãos mais novos e lembro-me que eu era uma princesa e ia casar-me. Sim, ridículo...
Ás vezes falo comigo mesma e outras vezes insulto-me nos momentos de maior nervosismo. Mas o que eu queria mesmo é uma companhia, uma companhia que eu não me fartasse. Sei lá, será que preciso de um namorado?... Náááh, só dão trabalho e muitas dores de cabeça. Mas ao mesmo tempo fazem-nos sentir bem, pelo menos o J. conseguia fazer sentir bem, ao início...
Enfim, não me quero lamentar ou fazer passar por coitadinha, pelo contrário, estou a tentar interiorizar o fato de que a vida é um desafio, mesmo que nós não o aceitemos não à escolha a fazer a não ser cumpri-lo. E ninguém sabe quando acaba o desafio de alguém. Eu própria podia por fim a isto, mas isso era se tivesse coragem suficiente para isso. Há uns tempos acredito que tivesse coragem, agora... Agora eu quero ver como é que as coisas correm, tenho curiosidade de conhecer mais o mundo, as pessoas, mesmo que para isso tenha de sofrer. Como é óbvio eu não sei tudo da vida nem o que ela trará, mas ninguém nasce ensinado e ninguém morre com o conhecimento todo adquirido.
Acho que amanhã vou mesmo ficar só pela música e pelos cigarros.


sábado, 1 de junho de 2013

Separation

Foram 14 anos lado a lado, 14 anos de muitas birras, muitos mimos, muitas conversas, muito divertimento. Foram 14 anos de educação, 14 anos de família unida. Agora é cada um por si. Discussões, indiretas, gritos. Durante o jantar já não há tema de conversa e os olhares já não se cruzam.

'Ela' tem feito ações estranhas que me fazem preocupar e que me obrigam a cuidar dela.
'Ele' nunca foi assim... Sempre foi um homem de pouca paciência, teimoso e orgulhoso, mas nunca foi pessoa de ser o que é agora.
O que está a acontecer? Eles sempre tiveram juntos, no bem e no mal. Os dois juntos já me deram tristezas mas para compensar também me deram alegrias.
Lembro-me como se fosse ontem, uns dias antes de ser internada, eles estavam os dois a chorar e diziam que eu ia morrer. Também me lembro do dia 30/06/2011, eu e ela estávamos derramadas em lágrimas e os olhos dele estavam a encher também, nenhum dos dois queria sair daquele quarto e voltar para casa sem mim, mas foram obrigados. Eu estava deitada, ligada a máquinas, eles estavam à porta para irem embora mas antes de irem, olharam para mim e disseram: "Força filha.".
Todas as vezes que ela me ia visitar ao hospital chorava, dizia que me queria em casa com ela e eu, todos os dias ao telefone dizia sempre que os amava.
Éramos uma família feliz. Com as suas complicações mas éramos felizes...

Isto tudo por minha culpa, por ser irresponsável e mimada.
Mãe e Pai, desculpem-me. ♥ ∞∞∞
*cry*