domingo, 30 de junho de 2013

És obrigado a crescer mesmo sem querer

Já imaginas-te estares a falar com uma pessoa e na casa dessa pessoa estar a haver discussões, gritos, lágrimas? Já olhas-te á tua volta e pensas-te «O que está a acontecer na cabeça dela?»? Olha, olha para o chat do facebook ou do skype, olha e pensa quantas pessoas neste momento estão á frente do computador a chorar, a ouvir as discussões dos pais ou até mesmo a discutir com eles, a ver o seu próprio futuro a ir por água abaixo. Agora olha para ti, tens problemas, certo? Claro que os tens, como toda a gente, uns mais graves que outros, mas não deixam de ser problemas. Pensa, será que tu tens de ter força só por ti, ou também tens de ter força por quem gosta de ti? Não estou a falar de amigos, ou até mesmo de melhores amigos, estou a falar da tua mãe, do teu pai ou de quem cuida de ti desde pequeno. Eles não sofrem com o teu sofrimento? Sofrem. E tu, não sofres com o sofrimento de quem sempre cuidou de ti? Sofres. Talvez não agora… Eu ao início, bem, não ligava muito aos sentimentos da minha mãe, sabia que ela sofria, mas que não era nada comparado a mim. Mas estou a crescer, a aperceber-me do que está ao meu redor, a aprender a dar valor a muitas coisas… Quando saís para casa de um amigo, ou até mesmo para ir ao shopping, já pensas-te que a pessoa com quem vives e que te dá comida, roupa (etc) está a pensar em ti e preocupada contigo? Eu nunca pensei muito nisso, mas agora penso… Talvez porque já tenho 14 anos, estou a crescer, talvez porque já sofri ao ponto de tentar acabar com a minha própria vida. Infelizmente não pensei que não só ia acabar com a minha vida como também ia acabar com a vida da minha mãe. Chega de indiretas! Eu sento-me na cama a chorar e olho para o chat, começo a pensar «Serei a única que estou a sofrer, a chorar sem querer que ninguém saiba?». Faço força, muita força aliás, para não chorar á frente da minha mãe, porque não a quero magoar mais. Cada palavra que ela diz marca-me como nunca. Aquele olhar triste que ela me manda, aqueles abraços que ela me pede, aquela maneira forte que ela tem de querer falar das coisas que a magoam. Disse-lhe hoje que não precisava de ninguém. Apenas disse isso porque me sinto sozinha, sinto-me destruída, sem futuro, mas sei que preciso da minha mãe, porque se não precisasse não estaria aqui, agora a sofrer por ela. Ela disse-me o mesmo, que também não precisava de ninguém. Vieram-me as lágrimas aos olhos e a minha pergunta para ela foi ”Não precisas de mim nem da Carina para te fazer feliz?”, e a pergunta dela foi “Vocês têm-me feito feliz?”. Fui para o meu quarto, o meu refúgio, fui tentar a minha sorte nas letras porque chorar não adianta e cortar não resolve. Quando saio para ir algum lado ou dormir na casa de alguma pessoa, sempre que chego a casa a minha mãe diz-me que pensou em mim antes de ir dormir, é bom ouvir isso, não é? Mas a mim custa-me, pelo menos agora. Aliás, custou-me muito deixar a minha mãe a noite passada. Tal como ela pensou em mim durante a noite eu também pensei nela. Não a queria ter deixado em casa ‘sozinha’, mas também queria ir tentar divertir-me. Talvez penso um bocado de mais em mim… E agora não só tenho de ter força para mim como também tenho de ter força para a minha mãe, mas, como? Se eu mal sei cuidar de mim como vou cuidar da minha mãe? Além disso, estou gorda, muito gorda.
Pronto, lá estou eu a centralizar-me em mim!
Tenho saudades do passado. Mas é passado, e não resolve nada ter saudades, não posso voltar atrás no tempo, nem eu nem ninguém. Hoje é dia 30/06, ontem foi dia 29/06… Ontem fez dois anos em que tinha dado entrada no hospital, mas hoje, hoje faz dois anos em que fui internada, picada 12 vezes no mesmo braço, deitada numa cama, com os olhos prestes a fechar para sempre.
Enfim…
“Mesmo que eu algum dia desista de mim, não desistas de ti, porque tu és uma mulher forte! Poucos aguentariam o que tu aguentas-te, muitos baixariam os braços enquanto tu lutas-te! Enquanto esboçavas um sorriso o teu coração doía e choravas por tanto desespero, mas mesmo assim levantas-te a cabeça, e eu nunca vou conseguir ser como tu. És especial e importante apenas por existires. Amo-te, mãe!”.
*chorar*

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